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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ensajo aburrido

Ontem foi dia de mais um ensaio com os "hermanos". Só músicas próprias, com influência de Beach Boys, Dylan, Beatles e Kinks. Instrumentos muito bons, músicos competentes e apresentações certas por vir. Bacana, né? Mais ou menos.

Do ponto de vista do baterista, as músicas não são difíceis. Existem arranjos e pausas bem boladas, mas que com dois ensaios já tinha absorvido quase tudo. As nuances (matizes, como dizem aqui) também são bem intuitivas e de modo geral as canções soam muito bem. Há um grande potencial nelas, e eu comecei "abraçando a causa" da banda, porque gostei do material e porque era o meu primeiro grupo aqui. Imagine minha felicidade em conseguir entrar numa banda boa, depois de estar sozinho no país há apenas 15 dias. Um sucesso. Será?

Ontem foi um ensaio particularmente metido a besta. Levei quase todos os meus pratos, e isso significa carregar 10 quilos nas mãos, por duas linhas distintas de metrôs e algumas quadras. E fiz algo novo nessa formação: deixei a minha música fluir mais naturalmente e não fiquei olhando para os caras o tempo todo. Afinal, já conheço as músicas e queria imprimir meu sentimento nelas, decidindo quando mudar de maneira sutil (ou não) o peso das baquetas, as viradas e tudo mais. Para mim estava funcionando muito bem. Senti que estava me encontrando melhor com aquelas canções e que enfim a liberdade chegara para mim naquela sala de ensaio. Não foi bem assim.

A todo momento me cortavam, dando palpites em toda e qualquer batida que eu fazia, que tinha de ser diferente, que estava muito pesado, muito leve, muito lento e muito rápido. Porra! Eu sei que não estava. É que eles (principalmente o 'dono' da banda) tem uma mentalidade de patrão irremediável. Não querem que eu tenha muita liberdade, e tudo tem que ser exatamente do jeito deles. Buddy Rich já dizia que só uma pessoa pode ser responsável por decidir como será a bateria em uma canção, e essa pessoa é o baterista! Natural, não? Claro que não sou e nem quero ser um tirano que não escuta palpites. Longe de mim. Sou o cara mais flexível e aberto a idéias. Mas o fato é que me sinto tão preso musicalmente com esses caras quanto um prego cravado em uma estaca e enterrado no fundo de uma gruta deserta.

E percebi isso ontem, 'in loco', em uma das inúmeras pausas no meio da performance. Quem já teve que interromper uma transa alucinada por causa de uma campainha chata sabe o que digo. Mas naquela transa só eu estava tendo tesão, e ainda não era aquelas coisas. Pensei: "Porra! Isso aqui tá chato e cansativo. Não posso exercer a mínima liberdade musical que levei anos para conquistar e saber usar. Eles querem um robô tocando. Sabem que eu toco bem mas querem ser os 'chefes' dessa merda. Então, a partir de agora vou encarar isso como um trabalho qualquer. Quero grana, já que não há prazer".

E encarar esse trabalho é o mesmo que acordar 4 da manhã, apertar a gravata e enfrentar três horas de engarrafamento. Posso aceitar, claro. Mas vão pagar bem? No que isso vai me ajudar a crescer? Que bom que estou mais ativo, questiono mais as coisas e falo o que penso. Isso está sendo muito bom para mim. E começou a acontecer aqui em outro país, graças ao estilo "all by myself" de minha vida. Se eu não fizer assim, me ferro muito. E não estou aqui pra isso. Não virei um nazi, mas não sou mais aquela ovelha boazinha que faz "béééé" e continua pastando numa boa.

Não sei o que fazer, mas pensar assim já é grande coisa pra mim. Tenho consciência de onde estou, e não vou me envolver demais com essa banda. E quero minha parte em dólar. Nada de peso, por favor!

domingo, 24 de abril de 2011

Planta baja

Planta Baja (instrumental, porque sem letra é possível escolher o nome da música como quiser)

1- TKS

2 - Irix (Moura Brasil)

3 - Jaspion preto com tetas

4 - De nada

5 - Couro

6 - 2003

7 - Crack will fuck your family down

8 - Borderline

9 - Sud Mennucci/SP

10 - Birutagem sussinha

sábado, 23 de abril de 2011

Jazz redondo a´la Samba

Gente quadrada na música: isso não é pra mim. Não sou o típico "músico de estúdio" que só toca se tiver uma partitura na frente. Posso fazer, como estou fazendo, mas para mim é só mais um trabalho. E além de trabalhar quero me divertir, claro. 


O fato é que música também é um trabalho, e como tal exige conhecimento, técnica e disciplina. E comprometimento. Ora, se decidi ser músico e nada mais, é natural que tenha que estudar muito, aceitar trabalhos que nem sempre são os mais agradáveis e "baixar a bola", deixando a improvisação e toda a sede de praticar as novidades de lado.


Há uns três anos venho escutando jazz, e a cada dia me interesso mais e vejo que existe muito para aprender com os mestres que fizeram um mundo dentro da música em 40 anos. E não é "coisa de coxinha", que escuta jazz para cozinhar ou para dizer que é cool.  O jazz, fato, é elitizado, e isso me deixa um pouco desconfortável, porque sendo o jazz um estilo restrito, a "turminha" é sempre a mesma, e o risco da coisa toda ficar "zen" (zen graça) é muito grande. E eu, que me amarro em bater cabeça no chão ao som de Led Zeppelin, ou pegar uma nave para o infinito com as viagens de Pink Floyd, fico um pouco decepcionado com a gélida platéia das casas de jazz. 


Quase sempre formado por casais, gente desorientada que foi parar ali de turista ou entusiastas do gênero que parecem psicopatas, as cadeiras não tem descanso, e a emoção dos ouvintes só é sentida, bem pouco sentida nas palmas finais dos solos. 


Claro, digo isso com muito, mas muito pouca experiência em vida noturna de jazz. Mas já dá pra sacar que a grande maioria das casas abrem as portas para o som mais punk, mais pesado, mais melancólico e mais tudo (atrás do jazz, só o rock é tão abrangente), enquanto as pessoas que bebem seus vinhos mordendo umas torradas "zen" parecem estar assistindo a um filme de Kurosawa, de tão quietas e imóveis.


Para cada noite de jazz, tenho que ter uma de rock bagunça. Que sorte a do Charlie Watts, que sendo o baterista de rock da maior e mais antiga banda de rock viva, sempre tocou e gravou discos primorosos de jazz, principalmente nos anos 90. 


Gosto de Chet Baker, de Cole Porter e a galera do "romance". Mas me amarro muito em Ornette Coleman, Coltrane "A Love Supreme" e outras birutagens em altos níveis. 


Enfim, sou um bicho de sete cabeças, e a música está para libertar. Sempre.


Dica de sons:


JAZZ


             "Romance"  Chet Baker - Time after time


  
"Esquizofrenia divina aguda e grave" - Ornette Coleman - Love Call 




 Jam Session de Jazz - La Biblioteca Cafe - Buenos Aires, Argentina (18-04-2011)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Deus Supremo

Como tenho bom coração e nenhum respeito por direitos autorais, aqui vai o link (ou salvação divina) para todos os ouvidos: http://thepiratebay.org/torrent/3931851/John_Coltrane-Complete_Atlantic_Recordings_7CD_160_AAC

John Coltrane, em todas as suas fases. Imperdível, manezada.

Corre lá "torrentear"!

Set up



Esse é o set que está comigo na gloriosa Buenos Aires. Isso mesmo, paguei um puta excesso de bagagem, e ainda deixei as ferragens lá, quando descobri que para trazer tudo custaria quase o preço do avião.

E desde que estou aqui (há 46 dias) comprei dois pratos muito bons, e claro, baratos. Pratos esses que foram nascidos para o jazz. O Oriental Trash Crash até vai bem em rock e tais, mas o Sabian Jack DeJohnette, esqueça: é só para jazz. Prato fechado, seco e muito refinado. Também troquei a pele da caixa, finalmente.

E há quarenta e seis dias a bateria está guardada dentro das bags. Tom dentro do surdo, surdo dentro do bumbo, aquela tramóia para caber no diminuto espaço do meu quarto. Vez ou outra não resisto e "abro" a bateria para ficar a paquerá-la e limpar partes sem sujeira, só pra passar o tempo.

"Ensaiar é uma merda, estudar é essencial e tocar é mágico", pensei hoje cedo. E como quero tocar! Estou ensaiando com uns porteños, venezuelanos e outros comparsas latinos mais latinos que nós, brasileiros "americanizados" por natureza. Mas por enquanto, só investimento.

Como dizia, tenho uma bateria para jazz aqui comigo (a Pearl Export 1994 tá quietinha em Jundiaí) e estou com pratos para jazz. Há tempos estudo o tradicional grip, e quando vejo solos de bateristas, só os de jazz me interessam. Adoro rock e bossa nova. Mas, principalmente no rock, há tantas limitações, tudo tão óbvio que me cansei um pouco.

Então que venha os sons! E bons, de preferência. E claro, remunerados. Ou por acaso estou aqui para brincar de músico? Não estou, e nunca estive. Desde os 12 eu levo a música a sério, apesar de ficar tempos sem estudar, e de às vezes subir no palco "borracho".

As próximas postagens serão menos chatas, eu creio. "Madeira na pele", negada e brancada!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Em 2004 começava um blog, que ainda existe (http://lixeirareciclavel.blogspot.com). Anos depois, 6 deles, escrevi outro, mas bem restrito e (felizmente) natimorto. 
Agora quero, preciso -e me parece natural- conversar com o teclado do meu computador sobre música. E com quem mais quiser, claro. Então, sem mais nem mais, vamos (vou) trabalhar nas letras e na música. 
Sou parceiro de música instrumental, adoro uma letra bem feita, curto até poesia e pratico o tipo de instrumento mais antigo de que se tem notícia: a percussão. Pratico a percussão em forma de bateria, que é muito nova. Muito mesmo. Os pratos podem existir há 5 séculos, mas o kit de bateria tal qual conhecemos hoje existe há um século, quase exatamente. O pedal de bumbo foi o grande baluarte da história dos bateristas. Mas como eu considero "baluarte" uma palavra bem sem sal e sem açúcar, deixo o resto pra daqui a pouco. 

Seja bem vindo.








                                                          John Lennon - Bateria é popular