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sábado, 23 de abril de 2011

Jazz redondo a´la Samba

Gente quadrada na música: isso não é pra mim. Não sou o típico "músico de estúdio" que só toca se tiver uma partitura na frente. Posso fazer, como estou fazendo, mas para mim é só mais um trabalho. E além de trabalhar quero me divertir, claro. 


O fato é que música também é um trabalho, e como tal exige conhecimento, técnica e disciplina. E comprometimento. Ora, se decidi ser músico e nada mais, é natural que tenha que estudar muito, aceitar trabalhos que nem sempre são os mais agradáveis e "baixar a bola", deixando a improvisação e toda a sede de praticar as novidades de lado.


Há uns três anos venho escutando jazz, e a cada dia me interesso mais e vejo que existe muito para aprender com os mestres que fizeram um mundo dentro da música em 40 anos. E não é "coisa de coxinha", que escuta jazz para cozinhar ou para dizer que é cool.  O jazz, fato, é elitizado, e isso me deixa um pouco desconfortável, porque sendo o jazz um estilo restrito, a "turminha" é sempre a mesma, e o risco da coisa toda ficar "zen" (zen graça) é muito grande. E eu, que me amarro em bater cabeça no chão ao som de Led Zeppelin, ou pegar uma nave para o infinito com as viagens de Pink Floyd, fico um pouco decepcionado com a gélida platéia das casas de jazz. 


Quase sempre formado por casais, gente desorientada que foi parar ali de turista ou entusiastas do gênero que parecem psicopatas, as cadeiras não tem descanso, e a emoção dos ouvintes só é sentida, bem pouco sentida nas palmas finais dos solos. 


Claro, digo isso com muito, mas muito pouca experiência em vida noturna de jazz. Mas já dá pra sacar que a grande maioria das casas abrem as portas para o som mais punk, mais pesado, mais melancólico e mais tudo (atrás do jazz, só o rock é tão abrangente), enquanto as pessoas que bebem seus vinhos mordendo umas torradas "zen" parecem estar assistindo a um filme de Kurosawa, de tão quietas e imóveis.


Para cada noite de jazz, tenho que ter uma de rock bagunça. Que sorte a do Charlie Watts, que sendo o baterista de rock da maior e mais antiga banda de rock viva, sempre tocou e gravou discos primorosos de jazz, principalmente nos anos 90. 


Gosto de Chet Baker, de Cole Porter e a galera do "romance". Mas me amarro muito em Ornette Coleman, Coltrane "A Love Supreme" e outras birutagens em altos níveis. 


Enfim, sou um bicho de sete cabeças, e a música está para libertar. Sempre.


Dica de sons:


JAZZ


             "Romance"  Chet Baker - Time after time


  
"Esquizofrenia divina aguda e grave" - Ornette Coleman - Love Call 




 Jam Session de Jazz - La Biblioteca Cafe - Buenos Aires, Argentina (18-04-2011)

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